HISTÓRIA DO MUAYTHAI
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Escrito por José Koei Nagata em 13/MAR/2012 – Cidade de Sorocaba/SP – Brasil
O Muay Thai, que também é conhecido como Thai Boxing em alguns países, como Estados Unidos e Inglaterra, é muito conhecido no Brasil como Boxe Tailandês, é uma Arte Marcial Tailandesa com mais de 2.000 anos de idade. Sistematizada aproximadamente em 250 A.C.
A origem do Muaythai confunde-se com a origem do povo Tailandês. Existem várias versões sobre a origem do Muaythai. A mais aceita pela maioria dos Mestres de Muaythai e também por vários historiadores Tailandeses (Bangkok & Ayudahya University) é a que resumimos a seguir:A origem de seu povo é a província de Yunnam, nas margens do rio Yang Tsé na China Central. Descendentes diretos dos antigos guerreiros mongóis. Eles migraram da região onde atualmente é a China, para o local onde atualmente é à Tailândia em busca de terras férteis para agricultura, escapando do expansionismo Chinês e sua implicações bélicas.
Do seu local de origem, até o seu destino, os Tailandeses foram constantemente hostilizados e sofreram muitos ataques de bandidos, de Senhores Feudais Chineses. Para protegerem-se, para formar suas milícias, eles sistematizaram as várias técnicas de lutas das tribos que compunham o povo Thai, em um método de luta chamado “Chupasart”.
Este método de luta e autodefesa, eminentemente de influência militar, fazia uso de diversas armas como, por exemplo: espadas, facas, lanças, bastões, escudos, machados, arco e flecha, etc. , além do combate desarmado que sobre influência do nobre Naresuen, que separou o treinamento em armado e desarmado vindo a evoluir para o Pahuyuth, que é um sistema militar com formas de combate em pé e no chão, que por sua vez a partir de 1930, com determinação da Thai Sports Comission e sob comando do Grão mestre Jukarska, veio a originar o Muaythai moderno, com luvas, divisão de pesos, lutas em ringues e com arbitragem por pontos.
MUAY THAI NA ERA SUKHOTHAI
A capital da Tailândia se situava em Sukhothai por volta do ano 1781-1951 do calendário budista(1238-1408 D.C.). Inscrições em colunas de pedra em Sukhotai indicam que ela travava constantes batalhas com seus vizinhos. Conseqüentemente, a cidade tinha que instilar em seus soldados conhecimentos e perícias sobre o uso de armas como espadas e lanças, e também como utilizar o corpo como uma arma em situações de combate corpo-a-corpo desarmado. Golpes como chutes, joelhadas, socos e cotoveladas eram então desenvolvidas. Durante os períodos de paz, os jovens do sexo masculino em Sukhothai praticavam Muaythai para construção do caráter e melhorar as suas habilidades de auto-defesa. Estas habilidades poderiam servi-los bem durante seu tempo no exército então a pratica do Muay Thai tornou-se um bom costume. Centros de treinamento de Muaythai cresceram ao redor da cidade, por exemplo, o Centro de Treinamento Samakorn em Lopburi. Alguns situavam-se em áreas de templos onde os monges atuavam duplamente como instrutores.
Durante esse período, o Muaythai foi considerado como uma arte elevada e passada como parte do currículo da realeza. Tinha como intento tornar bons e bravos guerreiros com ótima forma física em grandes e bravos governantes. O primeiro Rei de Sukhothai, Phokhun Sri In Tharatit, acreditava tanto nos benefícios do Muaythai que mandou seus dois filhos para treinar no Centro de Treinamento Samakorn para prepara-los para tomar posse do trono. Em 1818-1860 do calendário budista(1275-1317 D.C. Phokhun Ram Khamhaeng escreveu um tratado sobre guerra na qual incluía o ensino do Muay Thai tal como de outras técnicas de luta.MUAY THAI NA ERA KRUNGSRI AYUTTHAYA
A Era Ayutthaya durou de 1988-2310 do calendário budista (1445-1767 D.C.). Este período foi caracterizado por freqüentes guerras entre a Tailândia, Burma e Cambodia. Desse modo, jovens homens se preparavam desenvolvendo suas habilidades de auto-defesa. As técnicas eram ensinadas por mestres experientes. O treinamento era passado do Palácio Real para o público. O Centro de Treinamento de espada Phudaisawan era muito famoso naquela época, e possuía muitos pupilos/discípulos. Eles eram treinados com espadas de vime nas artes da luta com espadas e armas de haste. Eles também eram treinados para lutar desarmados e assim aprendiam técnicas de Muaythai. Além de ensinar a lutar, os Centros de Treinamento também educavam seus discípulos em assuntos do dia-a-dia.
A ERA DO REU NARESUAN 2133 – 2147 NO CALENDÁRIO BUDISTA (1590 – 1604 D.C.)
O Rei Naresuan teria convocado jovens de sua idade para treinar com ele. Eles eram treinados para serem guerreiros bravos e confiantes. Tinham que ser habilidosos com todas as armas e em boxe. O Rei Naresuan escolheu o Regimento de Patrulha para lutar em guerrilhas. Foi esse regimento de soldados que foram capazes de libertar a Tailândia de Burma durante aquela época.
A ERA DO REI NARAI 2147 – 2233 NO CALENDÁRIO BUDISTA (1604 – 1690 D.C.)
Durante esse período a Tailândia viveu em paz e houve um grande desenvolvimento por todo o Reino. O Rei Narai patrocinava e promovia os esportes, especialmente o Muaythai, que tornou-se um esporte profissional. Nessa época havia muitos Centros de Treinamento de boxe. O ringue de boxe era montado em praças regulares onde uma corda poderia ser deixada de forma a demarcar um quadrado para indicar a área de luta. Boxeadores enrolavam suas mãos com cordões que eram mergulhados em goma grossa ou alcatrão. Esta técnica era chamada de Kad-Chuck (enrolado com cordões) ou Muay Kad Chunck (boxear com mãos enroladas com cordões). Boxeadores usavam uma bandana, chamada de Mongkon, e um amuleto, ou pa-pra-jiat, amarrado em volta da parte superior de seus braços quando lutavam.
Boxeadores não lutavam de acordo com peso, altura ou idade. As regras eram simples: a luta durava até que houvesse um vencedor incontestável. Apostas acompanhavam as disputas. Vilas podiam eventualmente desafiar umas as outras para disputas de boxe e o boxe tornou-se uma das atividades principais das festas populares e festivais.REI PRACHAO SUA 2240 – 2252 NO CALENDÁRIO BUDISTA (1697 – 1709)
O Rei Prachao Sua, também conhecido como O Rei Tigre assim como Khun Luang Sorasak, amava Muay Thai de maneira especial. Uma vez ele foi, vestindo roupas simples, para um distrito chamado Tambol Talad-guad com quatro de seus guardas reais. Lá ele entrou em uma competição de boxe. O promotor do evento não reconheceu o Rei, mas sabia que o boxeador vinha de Ayutthaya. Ele deixou o Rei lutar contra excelentes lutadores da cidade de Wisetchaichan. Eram eles Nai Klan Madtai (punhos matadores), Nai Yai Madlek (punhos de ferro), e Nai Lek Madnak (punhos ou socos duros). O Rei Tigre venceu todas as três lutas. O Rei Prachao Sua também treinou seus dois filhos, Príncipe Petch e Príncipe Porn, no Muaythai, em luta com espadas, e em luta livre.
No final do Período Ayutthaya, após a segunda derrota para Birma no ano de 2310 do calendário budista (1767 D.C.), havia um boxeador digno de nota.NAI KHANOMTOM – CONSIDERADO O CRIADOR DO MUAYTHAI
Nai (Senhor) Khanonmtom foi um prisioneiro de guerra capturado belos Birmaneses quando Ayutthaya foi saqueada pela segunda vez no ano de 2310 do calendário budista (1767 D.C.). Em 2317 do calendário budista (1774 D.C.), o Rei Birmanes, Rei Angwa, quis realizar uma celebração para o Grande Pagoda em Rangoon. Lutas estavam envolvidas nas celebrações. Bons lutadores de Muaythai foram chamados para lutar contra os lutadores Birmaneses. No dia 17 de março daquele ano, Nai Khanomtom lutou e derrotou 10 lutadores birmaneses sucessivamente sem descanso entre as lutas. Foi a primeira vez que o Muaythai foi utilizado em competição fora da Tailândia. Pelo seu feito, Nai Khanomtom foi homenageado sendo chamado de o Pai do Muaythai ou o Inventor do Muaythai, e o dia 17 de março é agora considerado o Dia do Muaythai.
MUAY BORAN
Muaythai Boran ou simplesmente Muay Boran é a Pai da Arte Marcial conhecida mundialmente pelo nome de Muaythai. O Muay Boran é um estilo antigo de Muaythai e registros históricos revelam que a arte deve ter pelo menos 200 anos de idade, mas acredita-se que a arte originou-se e evoluiu junto com o Reino do Sião (a Tailândia) a alguns milhares de anos atrás.
Agora o nome Muay Boran geralmente vem indicando em verdade uma mistura de elementos característicos de várias técnicas definidas como Estilos Regionais de Muay Boran (como exemplo o Muay Chaiya, Muay Korat, Muay Luang, etc). Cada nome significa geralmente a província aonde originou-se o estilo. Em resumo, hoje em dia Muay Boran virou sinônimo de Muay Thai antigo.
O Muay Boran ficou recentemente conhecido mundialmente através do filme Ong Bak protagonizado pelo tailandês Tony Jaa. Neste filme ele utiliza algumas técnicas de Muay Boran em combate, além de algumas técnicas de Krabi-Krabong.KRABI – KRABONG
É uma arte marcial tailandesa que usa vários tipos de armas como espadas , lanças, bastões, etc.
MUAYTHAI NO MUNDO
O MUAYTHAI é Tailandês. O que existem são regras de competição, metodologias de treinamento, adaptadas em cima do nome Muaythai.
O Muaythai foi para o Japão em 1965, através do empresário Osamu Nogushi (Urnamed Thai Combat – Hard Stockman), onde foi efetuada a primeira adaptação internacional na modalidade, quando os Japoneses implantaram a modalidade com o nome de Japanese Kickboxing.
Posteriormente vários lutadores de Karate Kyokushinkaikan, que é uma modalidade de contato, migraram para o KickBoxing, como por exemplo, Kenji Kurosaki, Toshio Fujiwara , Tadashi Sawamura, Yoshiji Soeno, Takashi Azuma entre outros tantos.
Na década de 70 o grande Karateka Holandês Jan Plas foi para o Japão para se aperfeiçoar, quando trava contato com o Mestre Kenji Kurosaki, que já estava totalmente engajado no KickBoxing Japonês e como conseqüência direta, Jan Plas introduz o Muaythai na Holanda fundando o Mejiro Gym, de onde saíram diversos campeões pesos pesados como Rob Kaman e Andre Manaart.
Posteriormente Johan Vos, da Vos Gym, também originário do Kyokushinkaikan, e treinador dos campeões Ernesto Hoost e Ivan Hypolite, pesos pesados, abre seu espaço no Muaythai, desencadeando uma demanda de vários professores para o Muaythai, como Thom Harinck, que era o Holandês mais graduado da Kyokushinkaikan Européia e estruturou burocraticamente a modalidade na Holanda e fundou a famosa Chakuriki.
Prof. Cor Hemmers também tem sua origem no Kyokushinkaikan e no Japanese Kickboxing, porém ele foi buscar aperfeiçoamento direto na fonte, ou seja, na Tailândia, passando pelos campos Sithyodhtong, Muang Surin e Vorapin, sendo reconhecido como o melhor técnico europeu e o único a ter atletas campeões na maioria dos pesos, desde os mais leves até os mais pesados.
Os introdutores na França foram Patrik Brison e Roger Paschy, ambos também com a mesma linhagem do Kyokushinkaikan e KickBoxing Japonês do Mestre Kurosaki. Uma clara influência disso vemos no que é considerado o melhor lutador do K 1 na atualidade, que é o Jerome Lebanner, que é Francês e tem sua origem técnica nessa estrutura. Posteriormente vemos com a imigração Tailandesa, vários mestres e lutadores Tailandeses desembarcarem na França. Dessa forma a França foi despontando e aperfeiçoando o “seu Muaythai”, tanto que na atualidade a França é apontada como o melhor “celeiro” de lutadores de Muaythai na Europa, perde para a Holanda somente em quantidade de praticantes, pois nos Países Baixos o Thai Boxing é muito popular, porém a qualidade é baixa. Na França é notável e marcante a influência Thai na estrutura técnica atual e principalmente nas regras, sendo o único país europeu a assumir o regulamento Tailandês na íntegra.
No caso da Inglaterra a situação foi atípica, a introdução se deu através do Mestre Sken, apesar de Tailandês, ele na verdade era dissidente do Taekwondo, ou seja, a sua técnica era um misto de um Taekwondo apuradíssimo, aliado a uma técnica de Boxe e Muaythai de nível amador, de seu grande amigo Master Toddy. No período inicial viam- se muitos atletas do TKD britânico lutando no Muaythai, justamente por essa influência do Master Sken, onde é perceptível nesse período uma “plástica diferente” nos eventos da Inglaterra, muito chute alto, saltando, giratórias, uso restrito de joelhadas, pouco clinch e raramente ocorria um nocaute. Com desentendimentos internos, Mestre Toddy passa a formar seu próprio grupo, pois mesmo com seu Muaythai somente de nível amador, pelo menos tem uma origem correta e estruturada. Algum tempo após tais fatos é implantado na Inglaterra a Royal Thai Airlines, que culmina com a vinda e imigração de vários Tailandeses. Fatores somados, que como conseqüência imediata, tem a melhoria do nível técnico do Muaythai Britânico, tanto que tiveram um grande campeão mundial, o lutador Ronnie Green que foi o primeiro ocidental a unificar os títulos de KickBoxing e Muaythai.
Nos EUA, em 1969, Ajarn Pop, grande campeão do Chomburi, e por mais de 10 anos entre os melhores lutadores da Tailândia, tentou introduzir o Muaythai no país, porém o momento histórico não era ideal. O Mestre de Taekwondo John Rhee acabava de desenvolver equipamentos de proteção para que as competições de Karate de semi contato fossem mais soltas e com maior nível de contato, surgindo o FULL CONTACT, que chegou a ser conhecido como Boxe Americano, de tanto que se desenvolveu nos EUA. Mesmo assim vários mestres Tailandeses imigraram para os EUA e faziam competições entre suas academias, bem a nível informal, mas com um conceito básico ,o primor pela técnica do Muaythai; dentre os vários, podemos citar Mestres Naknakorn, Tong Trithara (sobrinho do mestre Pop que introduziu o Muaythai oficialmente nos EUA), Puk, Janjuntê, Kyet, Surachai e posteriormente Master Toddy.
MUAY THAI NO BRASIL
Segundo relatos o Muaythai foi introduzido no Brasil no final da década de 70, porém não da forma que o conhecemos hoje e sim uma mistura de chutes das artes marciais + técnicas de socos. Porém tudo era um enigma em relação as técnicas e culturas tailandesas, então o Muaythai brasileiro começou a se desenvolver graças ao trabalho de alguns professores de artes marciais (Karate e Taekwondo) que combinavam os chutes + o boxe ocidental. Não sabiam a aplicação de cotoveladas e muito menos o de clinche. A partir deste principio que começaram a evoluir e a buscar conhecimentos, a formar os primeiros eventos denominados de Muaythai, porém sem clinche e cotoveladas. Formaram as “Federações” e assim iniciou-se a propagação da arte denominada de Muaythai.
Mas coube a Tom Harinck (Chakuriki – Hollanda) que estava de férias no Brasil a incumbência de mostrar o lado Organizacional do Muaythai Holandês e ensinar o sistema europeu (Dutch Kickboxing) aos brasileiros. Foi ele que ministrou seminários e imbutiu o sistema Chakuriki tendo influencias nas artes aqui praticadas.
Outros professores visando buscar conhecimentos sobre o Muaythai viajaram e travaram contato com Mestres e acabavam treinando nos Campos tailandeses e trazendo ao Brasil o que eles aprendiam lá. Lembrando que nesta época o Muaythai praticado na Tailândia era extremamente voltado a competição: corrida, saco de pancada, Paow, clinche, etc. Então quando os professores voltavam da Tailândia queriam aplicar o mesmo método aqui e acabava que os brasileiros não se acostumavam, e porque não tinham tempo, pois uma aula comercial é de aproximadamente 01 hora e isso tornava impossivel de ser realizado desta forma.
Porém não havia metodologia para passar passo-a-passo as técnicas de execução e o entendimento da mesmo.
Hoje com a abertura de Camps Internacionais na Tailândia é possível estagiar e apreender o sistema. Toda bagagem cultural é recomendada para aprender o Muaythai esportivo. Assim como a crescente demanda de seminário com treinadores e lutadores tailandeses desembarcando no Brasil e ensinando o método tailandês começaram a ter uma mudança na compreensão do que seria o Muayhtai.
À partir de 2015, vemos uma mudança radical no Brasll, onde as equipes estão correndo atrás da evolução do Muaythai. Começando por Santos, onde o Mestre Sandro de Castro, disseminou o verdadeiro Muaythai e muitas equipes se formaram, elevando Santos como a Meca do Muaythai Nacional.Porém muita gente está fazendo trabalhos sério em todo o Brasil e começam a disseminar a cultura tailandesa.
O contrário também é visto! Muitas pessoas estão correndo ao lado contrário, distorcendo cada vez o Muaythai e ensinando tudo errado e com contexto diferente da atual corrente positiva.
Criaram-se muitas federações de Muaythai, tendo pessoas sem nenhuma formação técnica, física e cultural, promovendo torneios e vendas de certificações.
Hoje também vemos prosperar o Muay Boram, onde mestres de diversas organizações mundiais, vem ao Brasil disseminar esta arte marcial tradicional.
Trabalhos estão sendo realizados no Muay Boram, culminando também com aparecimento de diversas federações de Muay Boran.
Portanto, assim como o restante do mundo, vemos pessoas se aproveitarem das situações, muitos professores ou mestres sem formação, ministrando aulas em diferentes pontos do Brasil, sem ao menos ter uma qualidade técnica, física, mental, denegrindo a arte marcial tailandesa. Muitos também expedem certificados sem ao menos ter registro da entidade como pessoa jurídica (CNPJ) e muitos menos possuem uma formação acadêmica (Educação Física).
Não é somente por uma aula ter chute na coxa, treinar joelhada, boxear, etc. que é aula de MuayThai, CUIDADO!
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MUAYTHAI DO GRUPO KYOKUSHINKAIKAN
Escrito por José Koei Nagata em 13/MAR/2015 – Cidade de Sorocaba/SP – Brasil
O Muaythai é uma arte marcial tailandesa, com costumes, tradições e técnicas peculiares. Não podemos adaptar uma arte na outra, ou seja, ela não é Kyokushin, não é Boxe, não é Boxe com chute, não é Taekwondo com Boxe, não é Kickboxing, não é Sanshou, etc.
Enfim MUAYTHAI é MUAYTHAI.
Pensando nisso, começamos a estudar e reestrutura todo o nosso sistema para enfim saber o que realmente é o Muaythai. Mas para que isso acontecesse fomos adaptando-nos aos conhecimentos técnicos, posturas, nomenclaturas, etc.Para começar a mudar, trouxemos o espanhol Mestre José Cosa, presidente da World Thai Boxing Federation, em 2011, para ministrar e Seminário Técnico. Mestre JOSÉ COSA passou detalhes importantes para o começo de nossa mudança.Hoje o Mestre José Koei Nagata é o representante da World Thai Boxing Federation para o Brasil.
Neste mesmo ano trouxemos o ex-Campeão Mundial de Muaythai, o espanhol CHINTO MORDILLO. Com sua vasta experiência como Campeão em diversas organizações mundiais, mostrou muitas combinações técnicas.
Em 2012, trouxemos o treinador SANDRO DE CASTRO, da equipe Thai Center da cidade de Santos/SP. Renomado treinador da atleta Campeã Mundial Tainara Lisboa, viajou e estagiou diversas vezes na Tailândia, onde segue os mesmos caminhos trilhados pelos treinadores e mestres tailandeses. Sua paixão pelo Muaythai, levou a perfeição na parte técnica e nos treinamentos tailandeses, formando diversos campeões aqui no Brasil.
Mestre Sandro de Castro, mostrou os detalhes técnicos do seu refinado Muaythai. Com isso a nossa mentalidade foi se abrindo e pelos conhecimentos adquiridos fomos compreendendo o sistemático sistema marcial tailandês.Em 2013, trouxemos o treinador tailandês MANOP YUAGYAI. Treinador das feras tailandesas como Saenchai e Diesellek, passou detalhes que foram se incorporando aos nossos conhecimentos técnicos e táticos do Muaythai.
Com os conhecimentos adquiridos, começamos a mudar o nosso sistema de competição. Para tanto chamamos novamente o Mestre SANDRO DE CASTRO, para um Curso de Arbitragem de Muaythai nas regras tailandesas. Por que ainda no Brasil a visão e conhecimentos das regras de combate, advinham do Kickboxing, que é totalmente diferente ao do asiático.
Começamos a entender o sistema asiático de pontuação, dos bloqueios, dos contra ataques, da posição no clinche e das quedas. Colocamos em prática, mas notamos que ainda falta muito para adequar-se ao padrão tailandês. Porém temos o dever da mudança e isso leva-se tempo, até o pessoal acostumar-se com o sistema asiático.Em 2013 trouxemos o renomado Nak Muay brasileiro e radicado na Tailândia LÉO AMENDOIN.
Demonstrou diversas técnicas de combate, de contra ataque, quedas e clinche. Um aulão para fortalecer os nossos conhecimentos.Todos estes treinadores e atletas, mudaram o nosso conceito do Muaythai, mas todos eles voltados para o sistema de competição, ou seja, o Muaythai competitivo ou Muaythai esportivo / moderno.
Atento a tudo isso, sabemos que o Muaythai é além disso, fui buscar a raiz do Muaythai, que é o Muay Boran.Ao final de 2013 fui estagiar e aprender o Muaythai Navarach com o Mestre Tailandês Amnat Pooksrisu. Aprendi as técnicas do Muaythai Navarach e compreendi o Muaythai antigo e suas denominações
Em 2014 trouxemos o Mestre Tailandês Pairojnoi, onde passou técnicas do Boran e do Esportivo. Mestre Pairojnoi ficou conhecido na Tailândia pela realização da luta do século.
Com essa bagagem comecei a formular o nosso sistema, numa combinação do tradicional com o moderno.
Aliando a muita pesquisa através de livros, DVDs e internet, seguindo as apostilas da IFMA, WTBF, KMA e AITMA, formulei um sistema que engloba as ramificações técnicas do Muaythai.
Não fica devendo a nenhuma organização, pois engloba as terminologias tailandesas, os Mai Mae & Luk Mai, a parte técnica do Muaythai competitivo, o Wai Kru, o Ram Muay, as saudações, os Wais, as combinações no Pauw, etc.
Em 2014, ministrei o Curso de Muaythai básico e intermediário. O Módulo avançado, que é o módulo de treinador foi ministrado pelo Professor Eduardo Carioca, que estagiou com o Mestre Sandro de Castro por 01 semana. Acompanhou todo o trabalho de treinador de Muaythai, as técnicas, os treinamentos e os limites de superação, para poder transmitir os seus conhecimentos.
O primeiro impacto que todos tiveram é que realmente não sabiam o que era o Muaythai. Realizei um teste teórico, fazendo perguntas básicas sobre o Muaythai e pouquíssimas pessoas souberam responder. Com isso todos que participaram do Módulo básico compreenderam a necessidade de mudar esta visão e ensinar o verdadeiro Muaythai.
Todos entenderam a necessidade de mudar de opinião, de pensamento, de atitude, de treinamentos, pois somente assim poderiam começar a entender o que é o Muaythai. Muitos desistiram, mas muitos persistiram e viram que realmente era isso que faltava para começarem a entender o Muaythai.
Hoje continuamos a nos aperfeiçoar, a entender a essência do Muathai e com isso todos ganham, pois a linguagem passa a ser universal.
Mas é preciso estudar com afinco as técnicas e os conhecimentos, assim como de participar de seminários e campos tailandeses. Elevar e prestigiar no nosso Muaythai.
Nos dias 05 e 05 de Setembro de 2015, realizamos o Curso de Treinador de Muaythai com os renomados atletas Léo Monteiro “Amendoin” e Léo Sessegolo Elias, com carga horário de 20 horas. Foram 20 horas de ensinamentos tailandeses, englobando a parte técnica e física, além de vídeos e explicações detalhadas de técnicas de treinamentos. Abriu-se a visão de todo o complexo tailandês das lutas de Muaythai, assim como os detalhes técnicos, e o uso de manoplas. Primeiramente você em que analisar o seu adversário para depois traças os detalhes técnicos.
Para completar toda essa mudança, fomos aprender a julgar os combates de Muaythai, participando nos dias 31 de Outubro e 01 de Novembro de 2015, o Curso de Formação de Árbitros e Juízes, da Escola Kamankan do Brasil, ministrado por Sandro de Castro, uma referência Nacional e Internacional no Muaythai. Aprendemos a analisar os combates passo a passo e a ter procedimentos no ringue com Juiz. e como árbitros. Foram colocados sempre provações, por parte do Mestre Sandro, colocando a prova os conhecimentos adquiridos. Ao final houve teste prático onde conseguimos ser aprovados, sendo assim formados e aptos a atuar na nossa Comissão de Arbitragem.
Com o intúito de termos uma arbitragem atuante, formamos a nossa equipe de arbitragem que denominará A.K.M. (Abitragem Kyokushinaikan Muaythai),onde estaremos julgando os combates de nossos eventos e de eventos convidados. Sendo agora, uma atitude mais profissional, de acordo com a regras internacionais e da escola Kamankan.
Ao final de 2015 fui até o Rio de Janeiro aprender o Muayboran com o Mestre Fabiano de Melo, discípulo do Grão Mestre Prasalsit Srisak e representante da Muaythai & Muayboran Sport Association. Com ele aprendi toda a terminologia e cultura tailandesa, aprendendo detalhes técnicos do Muayboran, Wai Kru Ram Muay, e os 15 movimentos de defesa do Mae Mai. Consegui a formação de Instrutor em Muayboran, conquistando o 10° Khan (Mongkon e Prajied Vermelho).
No dia 16 de Abril de 2016, fui ao Rio de Janeiro participar do Seminário Internacional de Muayboran, com o Grão Mestre Coronel Prasalsit Srisak, PHD em Muaythai e Muayboran, presidente da Muaythai & Muayboran Sport Association. Após o seminário, houve exame de graduação onde fui promovido a 11° Khan (Mongkon e Prajied Vermelha com Branco), sendo denominado de Kru Yai e devidamente registrado na Tailândia.
Ainda tenho muito que aprender, porém agora sei o caminho correto a seguir, pois o Muaythai esportivo é somente para competição e você pode ser formar como Treinador, mas se quiser ser professor ou mestre tem que aprender o Muaytboran, pois ele sim podem aplicar exame, certificar e registrar na Tailândia, obtendo uma graduação e certificação válida na Tailândia e em todo o mundo.
Em 2018 trouxe o Mestre Salomão Lima, brasileiro radicado na Indonésia e filiado ao Mestre – Chinawut Sirisompan – Presidente da K.M.A. – Kru Muaythai Association. A K.M.A. faz um grande trabalho mundial visando resgatar o Muayboran, suas técnicas tradições culturais, assim como seminários e torneios mundiais. Mestre Salomão ensinou o Muayboran segundo as normas da K.M.A. e do estilo Prajawsuea.
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MUAYTHAI
Escrito por José Koei Nagata em 13/MAR/2014 – Cidade de Sorocaba/SP – Brasil
MU = ARTE MARCIAL, THAI = Tailândia => Arte Marcial Tailandesa.
Muaythai pode também ter o significado de: A LUTA DA LIBERDADE, por causa de Nai Kanonton ter lutado contra 10 birmaneses e com este feito obtido a sua liberdade no campo de guerra.
Também é conhecida como a Luta das 8 armas: 02 punhos, 02 cotovelos, 02 joelhos e 02 pés.
Apesar de usar a cabeça para atacar não é permitido em competições profissionais e amadores nos dias de hoje, mas você ainda pode aprender a atacar usando a cabeça para a autodefesa em técnicas de Muay Boran.
O Muaythai é muito original em termos de ter variedades de armas e variedade de método para atacar. Muaythai é muito eficaz na utilização de todas as partes do corpo para atacar igualmente bem como defender. Especialmente com cotovelos e joelhos, que têm poder de destruição incrível quando eles são usados corretamente.
RITUAIS
A tradição de uma série de rituais é referência no Muaythai desde os seus primórdios até aos dias de hoje, sendo que continuam reverenciados enquanto parte fundamental desta tradicional arte marcial. Para o praticante de Muaythai esta disciplina, mais do que um desporto de combate, é considerada uma filosofia, sendo adaptada por muitos como um estilo de vida. Através de rituais realizados antes dos combates, os atletas procuram saber os fundamentos relacionados com a verdade, com a mente, com o conhecimento, onde demonstram e procuram forças e proteção espiritual para o combate respectivo. Cada um destes elementos do Muaythai está profundamente ligado com a religião budista e crenças particulares do poo tailandês. A devoção budista desta nação pode ser observada na prática e nos seus costumes. Os templos budistas continuam a ser diariamente frequentados por lutadores e treinadores que neles realizam as suas preces, solicitando proteção e sucesso nas suas carreiras. Muito antes de a religião budista ter chegado ao povo tailandês, este já possuíam uma cultura, crendo completamente na existência da vida após a morte e nos seus próprios espíritos protetores, que acreditam estarem presentes no Muaythai. A religião do povo tailandês abrange mais do que a simples devoção budista e isto pode ser observado na prática cotidiana dos templos. Muito antes do budismo se instaurar nas terras de Sião, o povo thai era animista, ou seja, acreditava na existência de espíritos presentes em toda a parte. O budismo foi ocupando progressivamente o seu lugar de uma forma organizada, mas sem eliminar por completo a crença anterior. Um dos costumes religiosos do povo tailandês consiste na utilização de um altar conhecido como casa dos espíritos, por eles designado de San Phra Phum (em tailandês: ศาลพระภูมิ). Cada centro de treino tem o seu pequeno local de culto sendo este adornado todos os dias com grinaldas de jasmim frescas e com oferendas de comida e bebida. Paralelamente, o povo tailandês acredita em amuletos da sorte e para o lutador tailandês existem dois dos quais este nunca se separa: o Mongkol (coroa) e o Kruang Ruang (bracelete). Não se sabe com precisão quando é que estes dois objetos sagrados se tornaram parte integrante do Muay Thai. A opinião geral é de que os mesmos foram introduzidos pelo Príncipe Negro, por volta do século XVI, como um elemento essencial dos rituais de combate.
WAI KRU
O Wai Kru também designado de Khuen Kru refere-se a uma cerimônia que tem como objetivo homenagear o seu mestre. Todos os anos são feita uma homenagem ao mestre do respectivo campo, a que se denomina Yohk Kru. Contudo, sempre que os pupilos queiram usar o conhecimento que lhes foi ensinado, começam por mostrar o seu respeito homenageando o seu mestre com uma dança previamente desenvolvida, que antecede o combate. Assim, o Wai Kru consiste numa primeira parte da dança, durante a qual o lutador percorre o ringue caminhando ao longo do perímetro circunscrito pelas cordas. Este atua com uma pausa em cada um dos cantos, rezando uma pequena oração. O ato de percorrer o ringue apresenta como simbolismo o delimitar do mesmo, conjurando infortúnios e protegendo o lutador durante todo o confronto. Seguidamente, o atleta dirige-se ao centro do ringue, ajoelhando-se voltado para o seu corner. Pausadamente, une as suas luvas em frente da sua face, começando a inclinar-se enquanto reza pequenas orações budistas. Este conjunto de movimentos é repetido por três vezes. Simultaneamente, o atleta dá graças ao seu mestre, ao seu campo e aos seus antepassados do Muay Thai. Quanto à etimologia do nome, Wai significa “retribuir respeito” enquanto que Kru significa “professor”; conjugando, obtém-se aceitação de “retribuir respeito ao professor”.
Para mostrar sincero apreço e perseverança, dedicação e generosidade em conferir conhecimento e proporcionar experiência de boas oportunidades, o aluno em troca irá submeter-se obedientemente e respeitosamente as instruções e conselhos do seu próprio Mestre servirem-no com diligência, e obedecer às normas e regulamentos estabelecidos por ele, para que o professor possa transmitir o conhecimento de seu campo corretamente e com sabedoria.
Wai Kru é uma demonstração de respeito do aluno e gratidão ao seu professor em submissão ao ensino e treinamento. Wai Kru é tradicionalmente praticado pelos tailandeses de várias profissões e Artes, por exemplo, dançarinos, lutadores de espada, músicos, bem como estudantes acadêmicos , e, claro, Nak Muay. ” Wai ” significa – pagar o respeito, colocando as duas mãos juntas na frente do peito. A demonstração de Wai Kru não implica apenas pagar respeito ao presente Professor, mas também inclui uma homenagem a todos os professores da disciplina.
ENSINAR ETIQUETA, DISCIPLINA E RESPEITO
Os Professores ou instrutores de Muaythai tem o dever de ensinar as gerações mais jovens os valores tradicionais, para que possam contribuir para a sociedade melhor, bem como ensinar-lhes todas as técnicas puras de Muaythai. Devido à possibilidade de acidente durante o curso de Muaythai, que é um esporte de contato, há uma necessidade de algumas orientações, tais como autocontrole, disciplina e acima de tudo respeito.
De um modo geral, não se deve mostrar raiva ou irritação, ou oferecer uma crítica contundente. A raiva não só quebra todas as regras sobre a prevenção de conflitos, mas também provoca a perda de prestígio para quem o exibe. Lembrar-se de manter a calma diante da frustração e dificuldade.
WAI KRU NO RINGUE
Em competição o WAI KRU simboliza desde entrada do atleta até fazer 03 reverências na posição sentada sobre os joelhos (Postura WAI sentada) dentro do ringue.
O atleta saindo do vestiário, caminha em direção à pequena escala que levará ao ringue. Antes de subir os degraus da escada, ele ajoelha-se primeiramente flexionando a perna esquerda e colocando o joelho esquerdo ao solo e depois o joelho direito, sentando sobre os calcanhares (Taa Thep Pa Nom). Na posição sentada e na com as mãos na postura de WAI (mão juntas e próximo ao rosto), ele faz a reverência 03 vezes.
Esta reverência consiste: Com as mãos na posição de WAI, coloca-se a mão esquerda ao solo, depois a mão direita e inclinando o tronco aproxima-se a testa próximo ao dorso das mãos. Após retira-se a mão direita do solo, voltando o tronco na posição ereta e retornando na posição WAI, primeira a mão direita e depois a esquerda.
Executa-se este movimento por 03 vezes. Neste meio tempo, ele deve agradecer e pedir proteção aos deuses ou divindades.
Levanta-se, primeiramente elevando a perna direita e depois a esquerda.
Já ao nível do ringue, próximo a cordas, na posição ereta ele posiciona-se na postura de WAI, mas as mãos devem estar na altura do rosto. Deslizam-se ambas as mãos sobre a primeira corda, do centro para as extremidades e depois se retorna na postura de WAI. Fazer este movimento por 03 vezes (Loop Chuí Boi Noam). Neste meio tempo, ele deve agradecer aos seus mentores, familiares e pedir proteção aos deuses ou divindades.
Após, salta-se por cima das cordas, ou escala-se sempre passando por cima (Kradode Kaam Hlak) .
Partindo do seu córner, vira-se para o canto do corner em direção a almofada e lá na postura de WAI encostam-se as mãos na almofada e faz uma pequena prece de agradecimento ou proteção (Wol Wai Ik Kra). Após, soca-se 03 vezes a almofada, partindo de baixo para cima. No sentido anti-horário, com a mão direita percorre-se a corda chegando até o outro corner.
Procedem-se desse mesmo modo até completar os 04 cantos.
Após caminha-se em círculo no sentido anti-horário próximo ao centro do ringue.
No momento certo, pára e ajoelha-se, voltado ao seu corner.
Ele ajoelha-se primeiramente flexionando a perna esquerda e colocando o joelho esquerdo ao solo e depois o joelho direito, sentando sobre os calcanhares. Na posição sentada e na com as mãos na postura de WAI (mão juntas e próximo ao rosto), ele faz a reverência 03 vezes.
Esta reverência consiste: Com as mãos na posição de WAI, coloca-se a mão esquerda ao solo, depois a mão direita e inclinando o tronco aproxima-se a testa próximo ao dorso das mãos. Após retira-se a mão direita do solo, voltando o tronco na posição ereta e retornando na posição WAI, primeira a mão direita e depois a esquerda.
Executa-se este movimento por 03 vezes. Neste meio tempo, ele deve agradecer e pedir proteção aos deuses ou divindades.
Até aqui é o que chamamos de WAI KRU. Após isso, é que começa o RAM MUAY.
Taa Thep Pa Nom Loop Chuek Buek Naam Kradode Kaam Hlak Wol Wai Ik Kra
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RAM MUAY
Escrito por José Koei Nagata em 13/MAR/2015 – Cidade de Sorocaba/SP – Brasil
O Ram Muay é empregado antes de o combate iniciar. O ritual é realizado antes de cada disputa como forma de preparação dos lutadores para o confronto.
Subsequentemente ao ritual Wai Kru, e em movimentos sequenciais, o lutador começa a desenvolver uma lenta série de movimentos estilizados, o Ram Muay, sendo este executado ao ritmo da música que conduz o lutador em direção às quatro cordas do ringue em busca de proteção. Cada atleta elabora uma dança própria que se diferencia de qualquer outro. Alguns dos lutadores incorporam movimentos únicos da região de onde são oriundos, enquanto que outros atletas simplesmente acrescentam movimentos próprios. O ritual tem como objetivo manter afastados os espíritos do mal, sendo executado sempre antes dos confrontos com o propósito de que nenhum mal ocorra para com o lutador e o seu mestre. Em suma, o Ram Muay tornou-se um entretenimento adicional para o espectador do Muaythai e um alongamento que consiste em desenvolver uma série de movimentos previamente estabelecidos ou improvisados dentro do ringue. Além de ser uma tradição, esta série ritmada de gestos e de passos serve também como aquecimento antes do início do combate, sendo igualmente uma forma de relaxamento que prepara o competidor física e mentalmente. Os lutadores que apresentam o mesmo estilo de dança são da mesma escola. Existe a crença que a prática do Ram Muay traz sorte e protege contra acontecimentos funestos. O Ram Muay é executado de acordo com as instruções e estilo do treinador, variando de região para região e de treinador para treinador. Em todo o treino de Muay Thai, o Ram Muay constitui uma parte fundamental da aprendizagem.
Para que o preceito seja possível, existe um costume aplicado previamente que determina a relação futura entre o aluno e o mestre.
Ao final do Ram Muay, o treinador faz uma prece, assopra-se para que seu espírito lute em conjunto com o seu lutador e retira-se o Mongkol.
MÚSICA TRADICIONAL DO MUAY THAI
A música de Muaythai, designada de Muay Pee é uma característica única desta arte marcial, sendo tocada antes e durante toda a sessão de combate. Apesar do Muaythai ter vindo a sofrer um constante desenvolvimento desde o seu surgimento até à atualidade, a música empregada há centenas de anos atrás prevaleceu inalterada até aos dias de hoje.
A utilização da flauta e acompanhamento musical de percussão durante o combate, é considerada uma particularidade do Muaythai. No espaço de tempo em que decorre a dança é frequentemente utilizado um CD para transmissão da música, no entanto durante o confronto físico tornou-se imprescindível a música ao vivo. Enquanto decorrem os rituais preparatórios para o combate do lutador, o ritmo da música aumenta e diminui, como modo de encorajamento dos lutadores. Mais lenta para o Wai Khru e Ram Muay e mais impetuosa no decorrer do combate, esta música é interpretada ao vivo por um grupo de quatro músicos, em que cada um toca um instrumento particular. Estes instrumentos são empregues na realização da música para o Muaythai designadamente a Pi Java, um clarinete, o qual é fundamental para a melodia; um par de tambores designado de Klog Kaak; Ching que se trata de pequenos pratos em ferro, bronze ou latão; e outro tipo de tambor originário do sul da Tailândia, denominado de Mong Kong.
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SAUDAÇÕES
Escrito por José Koei Nagata em 13/MAR/2015 – Cidade de Sorocaba/SP – Brasil
Depois de contemplar os rituais Wai Kru e Ram Muay, tanto o lutador como o seu mestre realizam uma saudação. Comum entre os praticantes da religião budista, esta saudação é efetuada com as mãos juntas à frente do rosto, seguindo-se uma pequena flexão frontal com a cabeça e tronco. As mãos devem estar posicionadas mais à frente dependendo da importância da pessoa que se cumprimenta. Esta saudação realiza-se em todas as ocasiões de encontro, pronunciando-se as palavras SAWADEE KRAP. Por sua vez, quando a saudação feminina, são proferidas as palavras SAWADEE KHA como cumprimento feminino.
Para saudações à imagens, Bandeiras, pessoas falecidas, imagens faz-se somente a reverência na posição de WAI.
POSIÇÃO DAS MÃOS – POSTURA DE WAI
Há 03 níveis de altura da postura das mãos WAI.
Para um monge, as mãos de WAI devem estar acima da cabeça.
Para pessoas ilustres, idosas, mestre, etc. as mãos de WAI deve estar em frente do rosto.
Para receber a bênção do WAI e da reverência, coloca-se as mãos de WAI em frente ao peitoral.
CUMPRIMENTOS INICIAIS
A saudação nas aulas de Muaythai dando início aos treinamentos, consiste em:
PAN – Postura de descanso. Na posição ortostática (em pé) com as pernas afastadas na largura do seu ombro, e ambos as mãos atrás das costas, onde um punho segura o outro punho.
TRONG – Sentido. Na posição ortostática (em pé), junta-se a perna esquerda à direita, e com os braços estendidos e próximos a coxa.
WAI – Postura das mãos juntas e em frente ao peitoral. Ligeira flexão do tronco á frente pronuncia-se a palavra se você for homem SAWADEE KRAP, se você for mulher SAWADEE KHÁ.
Se acaso chegar atrasado à aula, você terá que ter a permissão do professor ou instrutor para poder entrar na mesma. Você deve estar na posição em pé e em WAI. O Professor ou Instrutor autorizando-o a entrar comanda: WAI e você responderá: SAWADEE KRAP (se for homem) e SAWADEE KHÁ (se for mulher), e adentrar a aula.
RESPOSTA AO COMANDO DE EXECUÇÃO
Quando o instrutor mandar executar qualquer exercício e você entender o que é para ser feito, ou quando você finalizar o exercício, você deverá responder se for homem: KRAP, se você for mulher responda: KHA. Essas respostas significam que esta prestando atenção à aula e mantendo o espírito de disciplina dentro da área de treinamento (KAI MUAY). O Instrutor não necessita perguntar ao aluno se entendeu, você deve estar focado no treino e disciplinar-se em aprofundar nas técnicas do Muaythai. Isso implica em perseverar e desafiar a si mesmo, para atingir os seus objetivos.
SAUDAÇÃO E POSIÇÃO BÁSICA DE COMBATE
PAN – Postura de descanso. Na posição ortostática (em pé) com as pernas afastadas na largura do seu ombro, e ambos as mãos atrás das costas, onde um punho segura o outro punho.
TRONG – Sentido. Na posição ortostática (em pé), junta-se a perna esquerda à direita, e com os braços estendidos e próximos a coxa.
WAI – Postura das mãos juntas e em frente ao peitoral. Ligeira flexão do tronco á frente
JODY MUAY – Postura característica do Muaythai, avançando a perna esquerda a frente para quem é destro e mantendo a perna direita atrás. Elevar o calcanhar direito.
Se for canhoto é tudo ao contrário, a perna direita a frente e a perna esquerda atrás.
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MONGKOL ou MONGKON
Escrito por José Koei Nagata em 13/MAR/2015 – Cidade de Sorocaba/SP – Brasil
O Mongkol refere-se a uma coroa usada pelos lutadores quando entram no ringue. Este objeto sagrado é tradicionalmente benzido em sete mosteiros budistas, sendo colocado na cabeça do lutador antes do mesmo entrar no ringue de combate e, naturalmente, de serem executados os rituais Wai Kru e Ram Muay. O Mongkon pertence ao mestre e ao campo de treino do lutador. Todos os atletas de determinado campo utilizam o mesmo Mongkol.
Este é colocado na cabeça do lutador antes do mesmo se deslocar para o ringue, precedido de uma breve oração, que se acredita que protegerá o lutador de graves lesões, sendo que expulsará os espíritos negativos da área de combate. Por fim, o sagrado objeto é removido do lutador quando este termina uma série de movimentos sequenciais que completam o Wai Kru e o Ram Muay. A colocação e remoção do Mongkol é executado, geralmente, pelo treinador do ginásio. O Mongkol é único para cada campo. Este objeto purificado permite que, através da sua posição e formato, seja possível distinguir o respectivo local da Tailândia de onde o atleta é proveniente. No passado, caso a parte de trás do Mongkol estivesse apontada para cima, significava que o lutador era originário do norte da Tailândia. Uma vez que a parte de trás estivesse apontada para baixo, então o mesmo pertencia ao sul do país. Adicionalmente, se a extremidade posterior estivesse apontada para trás, então o atleta pertencia à zona centro da Tailândia. Outrora, os lutadores estavam severamente impedidos de transportar ou colocar em si mesmos este objeto. Contudo, hoje é comum ver o Mongkol ser colocado pelo atleta, sobretudo no ocidente. Como peça sagrada, e de acordo com as tradições budistas, o Mongkol é sempre guardado acima da cabeça de todos e nunca é deixado em qualquer lugar e muito menos que o deixe cair e toque o solo.
Todos os lutadores masculinos, ao subir no ringue deve passar por cima da primeira corda.
Todas as lutadoras femininas, ao subir no ringue deve passar por baixo da última corda, e depois receber o Mongkol.
Ao final da luta, quando perfilados para receber o veredicto dos jurados, não se usa o Mongkol.
PRAJIED
O Prajied também conhecido por Kruang Ruang refere-se a uma corda trançada colocada no braço do lutador. Ao contrário do Mongkol este é um objeto pessoal. O amuleto sagrado é oferecido ao lutador antes de este iniciar a sua carreira no campo de treino durante o seu período de formação espiritual que deve ocorrer por um tempo de aproximadamente seis meses num mosteiro. Ao longo da cerimônia final no mosteiro, o amuleto é benzido pelos monges, transformando-se num importante talismã. Ao longo do tempo, e principalmente em regiões fora da Tailândia, estes formalismos foram-se perdendo, no entanto outros se mantém.
O Kruang Ruang é consumado a partir de tecido proveniente de roupas sagradas de um monge, assim como de roupas de um membro da família do lutador. Este pode usar o Kruang Ruang em apenas um dos braços, evidenciando qual dos seus braços é o mais forte. Porém, alguns estádios exigem que o objeto deva ser utilizado em ambos os braços, como é exemplo o estádio Lumpinee. Tal como no Mongkol, acredita-se que o amuleto providência sorte, protegendo o lutador durante o combate.
PHUANG MALAI
Também dentro das tradições está presente o Phuang Malai, uma grinalda de flores que é colocada no pescoço do lutador. O Phuang Malai é oferecido pelos colegas ao lutador como forma de amuleto e desejo de sorte. Estas flores, normalmente de jasmim, são firmadas entre si, formando uma gargantilha suficientemente grande para que o lutador a possa usar à volta do seu pescoço. Na tradição budista, as flores simbolizam a vida, a morte e a volatilidade da existência. O Phuang Malai não é oriundo do Muaythai, tal como o Mongkon e o Kruang Ruang, este foi incorporado no desporto por influência da cultura tailandesa, no entanto, é frequente o lutador transportar o Phuang Malai para dentro do ringue, onde é retirado depois das danças cerimoniais e antes do combate.